quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Por emigrar, sou mais portuguesa.

Irrita-me o choradinho muito chorado (perdoem-me a tautologia mas às vezes também é necessária) do português emigrante. Já disse aqui que tenho mais pena de quem quer sair e não pode, tenho mais orgulho de quem fica a tentar lutar por um país que agora está débil, cansado e triste.

Leio tudo o que há para ler sobre quem sai do ninho, sobre quem sai da zona de conforto para poder voltar, um dia. Mas escrever, explicar e contar, só o posso fazer sobre mim: e sei, e digo que custa, que os dias - uns melhores, outros piores - se equilibram uns aos outros. Mas em mim, a emigração teve um efeito curioso: além da cultura nova, das pessoas novas, dos portugueses que conheci fora de Portugal, emigrar fez-me gostar ainda mais do meu país - do mar, das tascas baratas que são boas e eu sei que são, das pessoas, das minhas ruas, dos meus sítios.

Quando estamos aí (em Portugal) achamos que os nossos políticos são os piores do mundo, que o nosso povo é o pior do mundo, que somos pequenos, brejeiros e tacanhos. Achamos que nunca vamos conseguir ir a lado nenhum, achamos que o pão, o café e a sopa são "coisas normais". Mas deixem-me dizer que não é bem assim.

Aprendi, desde que estou em Espanha, que os políticos também se podem encaixar nessa categoria dos piores do mundo, que as pessoas aqui, também estão perdidas e que as manifestações também se cantam ao som de Grandôla Vila Morena - no dia 16 de fevereiro milhares de espanhóis cantaram a letra de Zeca Afonso contra os desalojamentos, desde 2008, mais de 350 mil espanhóis receberam uma ordem de despejo, contra o desemprego que já ultrapassa os 25% e contra o orçamento de estado para 2013.

Emigrei porque não tenho espaço em Portugal, cresci aí, sou quem sou porque sou portuguesa e como diz Miguel Esteves de Cardoso "Ser português é ser capaz de se ser igual a com quem se está. Se temos uma virtude e capacidade, é essa. Temos uma costela de todas as carcaças que há no mundo." Quantas vezes não se cruzaram com estrangeiros? Pelas mais variadas razões, não interessa! E que idioma falavam? O deles. Espanhol, Inglês, Italiano, Francês, em Portugal somos primeiro o outro e depois nós.

Por estar aqui, percebi que os espanhóis não nos entendem mesmo. Não é uma questão de preguicite mental ou de territorialismo. Eles não nos percebem e ponto final. Os nossos idiomas derivam do latim, é certo, mas a língua espanhola foi-se simplificando ao longo dos anos, a nossa não. São 12 fonemas portugueses contra 5 espanhóis. E isso é maravilhoso para nós, é o que nos faz ser falantes no mundo. Ainda no outro dia, dizia-me um amigo "como é possível? Vocês escrevem "muito" mas na verdade dizem "muinto". E é verdade.

Eles (os espanhóis) são diferentes de nós em muitas coisas: são um povo mais feliz, menos saudosista, são patrióticos e acreditam que o país é feito deles e para eles. Nós somos mais do género "vai-se andando", andamos às turras uns com os outros sem saber bem para onde devemos ir. Os espanhóis têm o flamenco, cantado, alegre, com roupas coloridas, castanholas e a participação de todos os que ouvem com palmas e sorrisos. Nós temos o fado, triste, sentido, sombrio.

Sou hoje um bocadinho Álvaro de Campos "há sempre razões para emigrar para quem não está de cama".





quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Mourinho arrasa em Camp Nou.

Mourinho é o maior e, quem disser o contrário, queria ser tão bom como ele ou sofre de cegueira futebolística.
Começou a ser especial no Futebol Clube do Porto mas quis ser maior. Na sua apresentação no Chelsea em 2004 diz: "se quisesse um trabalho fácil tinha ficado no FC Porto, confortavelmente sentado, com o troféu da champions, Deus e depois eu".

Hoje tem 20 títulos: 6 em Portugal, 6 em Inglaterra, 5 em Itália e 3 em Espanha. 17 nacionais e 3 internacionais.

Ontem voltou a fazer história.
Dois anos e meio depois de chegar ao Real Madrid, José Mourinho, devorou o Barça em Camp Nou.

Foi uma vitória vossa e nossa.
Vossa, dos espanhóis, dos madrilistas.
Nossa porque somos portugueses, porque a besta afinal não é assim tão besta. Nossa porque Cristiano Ronaldo arrasou em casa do Messi.

Com ou sem mau feitio, José Mourinho é líder, ganhador e lutador. Tem capacidade de ver mais longe, colecciona adeptos de um lado e ódios de estimação do outros mas como ele mesmo diz: "é melhor ter inimigos para nunca relaxar" e "nem Jesus Cristo agradava a todos".

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A casa de banho mais sexy do mundo

Converter uma obrigação num prazer. Transformar o aborrecido em colorido, a obrigação em vontade, o simples em bem estar. O chato em divertido.

Foi o que a Renova fez. Sem estudos de mercado e num sector dominado por gigantes internacionais Paulo Pereira da Silva viu, nas cortinas de um teatro, a oportunidade de redefinir as regras. Mais que isto? A oportunidade de redefinir as regras sobre a utilização de um produto que ninguém gosta de falar: o papel higiénico.

Desde 2005 que a Renova vem ganhando prémios e distinções. A forma como redefiniu este segmento é alvo de estudos de caso. Está no Harrods, no Cotê Maison, no Budha Bar e no Four Seasons em Nova Iorque.

As acções de comunicação são divertidas e têm quase sempre o mesmo enquadramento: a casa de banho.

No Terreiro do Paço, em Lisboa, por 0,50€ qualquer pessoa pode utilizar o espaço e escolher a sua cor favorita de papel higiénico.

Se Lisboa não convence os consumidores o que acontece se falarmos em Paris? Mais concretamente no Louvre? Em parceria com a Point WC (actua no mercado de toilettes de luxo), a Renova transformou o conceito de casa de banho fornecendo papel higiénico com cores que vão desde o dourado, vermelho, rosa, lilás, dourado e, claro, preto remodelando este "ambiente muitas vezes esquecido ou tabu".
No Open de Ténis de Madrid, disputado pela primeira vez num campo de terra batida azul, o Renova Blue vai animar as casas de banho do zona vip.
O Real Madrid e o Atlético de Madrid, duas equipas de futebol da capital espanhola, receberam guardanapos com as cores das equipas sob o pretexto de ajudar a "redigir um contrato de última hora na altura da sobremesa".
Ainda por terras de nuestros hermanos mais precisamente quando o Papa Bento XVI esteve em Madrid, a Renova concebeu rolos de papel higiénico amarelos e brancos (cores da bandeira do Vaticano) para distribuir pelos peregrinos para que estes os pudessem usar como serpentinas e dar as boas vindas ao Papa. Com esta acção, ganhou a prémio European Excellence Awards em 2011.

Foi considerada uma das Next Generation Brand e, porque não são só os outros que são bons, compete ao lado de marcas como a Apple, a Lego, a IBM e a Nike.






Terreiro do Paço, Lisboa



Point WC no Louvre

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Nike e as estrelas malditas

A marca de Phil Knight não tem sido feliz na hora de recolher os benefícios das estrelas que patrocina.

Primeiro Michael Vick acusado de organizar lutas de cães e de obter lucros com as apostas. Depois de ter sido considerado culpado, a Nike retirou o patrocínio ao atleta profissional de futebol americano. Voltaram a assinar contrato depois do jogador ter cumprido a sua pena e ter voltado á Liga Nacional de Futebol Americano.

Seguiu-se Lance Armstrong, depois de se ter declarado culpado e de ter sido provado que o ciclista utilizava substâncias ilegais para melhorar o seu rendimento na volta a França. A Nike suspendeu de imediato o contrato que tinha com o ciclista anunciando publicamente a sua posição contra as drogas e retirando o anúncio do atleta em que este dizia "Esse é o meu corpo e eu posso fazer o que eu quiser com ele" - Nike Just Do It 

Agora é a vez de Oscar Pistorius, o alteta sul africano que sofreu uma dupla amputação e que para correr usa próteses feitas de fibra de carbono, enfrenta a acusação de ter assassinado a sua namorada com quatro tiros dentro de sua casa. A Nike, repetindo o que fez com Armstrong, retirou o anúncio de Pistorius intitulado "A bala na antecamâra".

O principal activo que um patrocinador adquire é a associação da marca exigindo que o patrocinado corresponda aos valores e ao adn da marca, por isto mesmo, os contratos assinados têm cláusulas com factores morais que permitem a rescisão dos mesmos.

Com o seu portefólio de estrelas a diminuir, a Nike não faz por menos: Cristiano Ronaldo, considerado um ícone da publicidade que chega a vender 20 milhões por ano em publicidade, renova contrato com a Nike por 6 milhões de euros - mais 1,5 milhões do que os anos anteriores. Mesmo assim fica longe dos grande patrocinados: Kobe Bryant, jogador de basquetebol, recebe 7,5 milhões por ano e Tiger Woods, que chegou a ver o seu patrocínio incerto, recebe 16 milhões.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A crise e o sexo. E as Cinquenta Sombras de Grey

E.L.James não é Kakfa, não é Gabriel García Marquez e não é Saramago. A verdade é que o primeiro volume (dos três que escreveu) pode ser descrito em poucas frases: uma menina tonta, virgem, que conhece o solteirão mais cobiçado do momento. De virgem, a menina Steele, Ana ou Anastacia, passa a ter orgasmos múltiplos, a ter uma "Deusa interior", a gostar de apanhar e estar amarrada. São 500 (e algumas) páginas carregadas de sexo e bondage.

E.L.James não vai ser prémio nobel mas está naquela lista da Times, a que mostra ao mundo as pessoas mais influentes de um determinado ano. As Cinquenta Sombras de Grey foi, segundo a GFK, o livro mais vendido em Potugal em 2012. Está também na lista dos livros proibidos pela Opus Dei, com a classificação LC3 - "pelos seus conteúdos explicítos, a obra contraria a fé ou a moral católica, dirige-se contra a igreja e suas instituições" - lado a lado com Caim e o Evangelho Segundo Jesus Cristo de José Saramago. (www.almudi.org)

Foi este livro que realmente mudou a consciência sexual da nossa sociedade? A Sábado desta semana diz que sim. O Expresso diz que não. Vamos por partes.

Um estudo feito pelo Expresso em 2012 diz que o missionário é a posição preferida pelos portugueses: 38,5%, de norte a sul, prefere o convencional. Muitos são capazes de passar semanas sem relações sexuais e mesmo quando o tema é picante, a culpada é sempre a mesma - a crise. 16% dizem que a falta de dinheiro, de trabalho e as contas para pagar afectaram negativamente a sua vida sexual. A revolução sexual do século XXI está a ser adiada, primeiro o dinheiro, depois a libido.

Já a revista Sábado contrapõe tudo isto. Mas aponta uma causa: o livro As Cinquenta Sombras de Grey. Um inquérito que esteve on-line durante uma semana revela que as portuguesas estão mais apimentadas: no elevador, em locais públicos, de olhos vendados, a três, spanking, amordaçada, são alguns dos fetiches escolhidos pelas que responderam ao inquérito. Os donos das lojas sex shop dizem que a venda de bolas chinesas cresceu 200% e porque não há coincidências, o site britânico netmums.com, fez uma sondagem onde mostra que depois da trilogia a periodicidade com que os casais têm sexo, passou de uma para três vezes por semana.

"Porno para mamãs" para umas e "Viagra feminino sem prescrição" para outras, este livro veio chamar a atenção para um dos temas mais tabu da nossa sociedade.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Novo hit português

António Almeida, no Diário Económico, escreveu que "Em democracia, ter opinião é mais uma obrigação do que um direito. Não ter medo de dizer alguns disparates não representa um acto de coragem. O que não ajuda o país são os silêncios de conveniência".

Nunca tive feitio para me calar convenientemente, os que me conhecem costumam apelidar-me de mau feitio, mas confesso que pensei várias vezes antes de escrever sobre aquilo que vou escrever: Relvas, ISCTE e Grândola Vila Morena.
Li opiniões, comentários e insultos nos mais variados meios de comunicação portugueses e a verdade é que estou a meio caminho (talvez faça mesmo parte da zona cinzenta onde tanto detesto estar). A questão é que não consigo (por mais que tente) ter uma só opinião, ver só um lado, porque acredito na liberdade de expressão e sou contra a violência organizada, ao mesmo tempo, defendo que a estupidez gratuita e a falta de bom senso deveriam ser punidas de alguma forma maravilhosamente imaginada.

Relvas é um erro de casting, continua a fazer parte de um governo cada vez mais desfragmentado e o sorriso que teimosamente exibe deixa-me com os nervos à flor da pele. A TVI, por seu lado, continua a dar espectáculo, daquele que o povo português adora ver, comentar e falar. Aqui entra a estupidez gratuita: ora, um ministro que tem um licenciatura dúbia, que tem mais piadas escritas sobre si do que o mais palhaço dos palhaços, é nada mais nada menos, convidado a falar numa conferência sobre jornalismo - uma conferência, numa faculdade carregadinha de alunos fartos. Fartos de ali estarem sem saberem para onde vão a seguir.

Os insultos, os berros, a perseguição dos estudantes fez-me ter vergonha. Este movimento "que se lixe a troika" conseguiu que Grândola Vila Morena voltasse aos hits portugueses mas a falta de civismo vai lixa-los e eles, é este o efeito boomerang.

Sinceramente não me preocupa a popularidade de Relvas e menos ainda as audiências da TVI. Preocupa-me o que vem a seguir: manifestações, mais, maiores e mais feias, e um governo que está como eu, a meio caminho, nem no branco nem no preto.






quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Pés para que te quero!

Imaginem que são 7 da manhã de uma sexta feira. As luzes acendem-se, os seguranças pedem-vos que saiam e a música acabou. Relaxaram, dançaram, conversaram, riram. É hora de ir para casa, descansar. Apanhar um táxi, andar até casa, levantar dinheiro, ir ao McDonalds: tudo cenários possíveis. Mas há sempre um problema que parece permanecer a quem, como eu, insiste em andar de saltos altos toda a noite. Os pés doem, os dedos nem os sinto, e só quero andar descalça.

O problema ainda não está resolvido, mas já estivemos mais longe. Em alguns países da Europa as vending machines de sapatos rasos para mulheres já são uma realidade.
Tenho a sensação que na baixa (refiro-me à do Porto, mas na de Lisboa seria fenomenal) isto era um sucesso garantido.




Tomamos todos

Francisco José Viegas, ex secretário de estado, garantiu que ia "mandar tomar no cú" qualquer fiscal que queira ver as facturas das despesas que realizou. Quer seja "à saída da loja, um café, um restaurante ou um bordel".

Isto foi das declarações mais reproduzidas e comentadas na imprensa portuguesa. Uns aplaudiram outros ficaram furiosos pelo facto de alguém que já ocupou um cargo político de relevância diga tais impropérios. Quanto a mim, bem, imagino o que será, o ex governante da cultura, no balcão da recepção de um bordel, à espera que a sua factura descriminada seja emitida. E que o dito papel que obriga os comerciantes a pagar IVA termine com um "volte sempre" ou "nascemos para servi-lo" ou "cliente satisfeito, o nosso lema".

Expressão brasileira e medidas portuguesas à parte, a minha vontade é também, a maior parte das vezes, mandar os nossos governantes tomar (ou levar) no dito cujo mas de polémicas idiotas em polémicas idiotas, esta lei já existe desde 1989. E se o consumidor deve pedir factura ou se são os comerciantes obrigados a emitir é uma questão de responsabilidade (a de cada um) e de lei (de alguns).

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

De pernas para o ar

Chateia-me e chateia-me cada vez mais. Ter amigos que não têm trabalho, ter amigas que têm trabalho mas que não sabem se o têm ou se é só emprestado. Chateia-me a perda de tempo em entrevistas que desanimam, que diminuem, que prometem e não cumprem. Chateia-me esta história da emigração por obrigação, da Páscoa fora de casa, do Natal "logo se verá". Chateia-me a experiência exigida e a experiência que não existe, como se fosse uma ferramenta daquelas sem fim.
Chateia-me o trabalho não remunerado, chateia-me a vontade de trabalhar não remunerada, o bom trabalho não remunerado.
Chateia-me a sério que os que trabalharam toda a vida não o possam agora fazer.
Mas irritam-me mais os que trabalham e não sabem bem porque o fazem, os que se queixam, os que querem rendimentos e subsídios, e ajudas, e baixas, e dores aqui e ali. Os que trabalham com direitos mas sem deveres. Os que estão mas não deviam estar mas não é possível manda-los embora para irem os que realmente querem.
Irrita-me porque não, não somos todos iguais. Não confundamos justiça com igualdade.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Argentina e China: anti publicidade

Com o objectivo de prevenir a ostentação e com a chegada do novo ano, a China proíbe publicidade a artigos de luxo. Esta medida faz parte do programa do governo que quer que haja cada vez menos desigualdade. As palavras "luxuoso" e "real" são também punidas com uma pesada multa.

Na Argentina, Guillermo Moreno, secretário do comércio, proibiu que as cadeias de supermercado fizessem qualquer tipo de publicidade para que os consumidores não possam comparar os preços. Esta medida (não confirmada pelo governo mas apontada como efectiva pelos meios de comunicação social) surge depois do congelamento de preços que o país leva a cabo até Maio, tudo isto para tentar controlar a inflação. O governo Argentino assume que fechou o ano em 10,8%, os consultores independentes dizem que ultrapassa os 25%.

A publicidade é a madrasta da história ainda que no seu conceito primeiro nos deixe perceber o que se passa para lá do continente. Um país corrupto que proíbe artigos de luxo e um país economicamente descontrolado que rouba a informação aos consumidores.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Crianças decisoras

De certeza que todos nos lembramos de quando íamos ao super mercado com as nossas mães e atirávamos produtos para o carrinho de compras, como se aquela fosse a nossa oportunidade de fazer compras de forma autónoma e responsável. Ou então de quando pedíamos "só" para ir e tinhamos que sair de casa com a promessa de que não vamos pedir nada.

No fundo não é contra as crianças pedinchonas que os pais têm que lutar, não são só as birras no super mercado que determinam o comportamento dos pequenos: são as próprias marcas que percebem este consumidor como valioso na decisão de compra. 

O mercado está, mais do que nunca, com os olhos postos nas crianças e nunca um consumidor deu tanto trabalho: os seus desejos mudam constantemente, as suas vontades são difíceis de prever e nenhum outro segmento se influencia tanto entre si como este. No entanto têm a percepção da marca bem definida: se pedirem a uma criança para desenhar uma boneca provavelmente desenhará uma Barbie, se for um telemóvel irá parecer-se com um Iphone, um pássaro e terão uma cópia dos Angry Birds, um carro e imaginarão o que querem receber no Natal. 

Vários estudos chegam à conclusão que mais de metade do consumo dos pais é decidido pelos filhos, seja de forma directa (guloseimas, bolachas, cereais) ou indirecta (a compra de uma carro, a casa de férias e o seguro da casa). 

No Brasil, este segmento cresce 14% ao ano, o dobro do dos adultos.

Foi a marca Jack Daniel's que me faz pensar mais seriamente sobre isto com o vìdeo viral de uma suposta campanha direccionada ao público mais jovem: "Vamos ver como isto corre", mesmo sabendo que pode ter o efeito contrário o mercado adulto está saturado portanto porque não chegar até aos miúdos que chegam cansados da escola e não querem saber das perguntas dos pais sobre como o dia correu.


O objectivo não será atingido, crianças modernas que bebem whisky on the rocks parece-me uma ideia pouco inspiradora, mas o buzz está criado. 

Marcas como a Microsoft, EDP, Galp, Vodafone, Continente,Tmn não têm à primeira vista interesse num mercado tão jovem (falo de crianças dos 3 aos 12 anos). Mas se procurarmos melhor, percebermos que a sua comunicação tem como base os consumidores mais novos, que não são os que pagam mas muitas vezes são os que decidem.  ( fases de comportamento de compra)

Imagine que entra na Fnac para ver como funciona o novo sistema de operativo da Microsoft, de repente, um empregado diz que vai chamar um colega para que o possa ajudar e tirar todas as suas dúvidas. Aparece o Pedro, traz consigo um banco para que o possa olhar nos olhos e explicar exactamente o que deve fazer. O Pedro tem 11 anos e é o protagonista do vídeo "Windows 8: a small demonstration".


Isto é só um exemplo de como, mesmo regulada, a publicidade atinge os mais novos e convence os mais velhos. A EDP "Pela energia do amanhã" transforma os colaboradores em heróis e são os seus filhos que contam a história "o meu pai é melhor que o Einstein porque está a inventar a cidade mais inteligente do mundo". Os pontos da Galp levam as crianças à Kidzania, o Continente todos os anos reinventa a Popota e a TMN cria "O mais incrìvel calendário de Natal".  Quantos de nós se recordam do anúncio do dia do pais da Vodafone?

Sim, as crianças são o futuro, um futuro mais funcional, mas sim!




quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

I OFF YOU

Como estamos em clima de São Valentim e nos atiramos de cabeça, corpo e dinheiro para o comemorarmos, conto-vos o que fez a Movistar (companhia telefónica espanhola) por aqui.

Criou uma aplicação chamada I OFF YOU que tem como principal função bloquear o telefone do "mais que tudo". No anúncio ironiza a quantidade de mensagens que mandamos aos nossos amigos e como contamos o nosso dia a dia através das fotografias que postamos nas redes sociais.

Carreguem para ver:

http://youtu.be/C8sqo7Yhfqo

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Lincoln pela metade

Há mais ou menos uma semana fui ver o filme de que todos falam e que é, pelas nomeações que tem, favorito para os Óscares deste ano: Lincoln.
Fui ver porque gosto de filmes históricos, fui ver porque Lincoln goza de um estatuo especial entre os presidentes do Estados Unidos, fui ver porque me pareceu pertinente este sonho de Spielberg (há 10 anos que pensava neste filme) realizado mesmo agora, a par de Obama e da reeleição. E fui ver porque todas em todas as críticas que li, nenhuma era consensual.

E não fiquei satisfeita.

Sabia, pelo que tinha lido antes, que não iria ver uma descrição do presidente e que Spielberg tinha deixado de lado um bocadinho do drama que tanto o caracteriza. Sabia que iria ver retratados os meses que se antecederam à aprovação da 13a emenda à constituição dos EUA: o debate político entre Democráticos e Republicanos sobre a abolição da escravatura.

E foi o que vi, mas não da forma que eu pensei que ia ver.

A técnica é perfeita e a interpretação de Dany Day Lewis deixou-me convencida (e bem convencida).
No entanto, os discursos políticos pareciam não terminar, os aliados e subornados ganharam o lugar central na história, a camâra dos representantes é pano de fundo para cenas que se tornam chatas, e a vida do presidente é um foco minúsculo num filme que usa o seu nome.

Spielberg deixa de lado os pormenores e anestesia demasiado o tema da escravatura.

Deixou-me sem a sensação de ter visto um bom filme, não me satisfez. Está entre o documentário e a ficção. Um filme para Americano ver, onde a comparação com Obama (e a luta por maiores benefícios sociais) e a "pertinência" para a Academia é inevitável.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Fora daqui

Hoje Espanha acordou com um vídeo que demonstra o sentimento dos que vivem na união europeia.

Num hospital britânico, uma inglesa berra a duas espanholas "voltem para o vosso país, somos nós que pagamos impostos para vocês poderem estar aqui".

O sentimento de "fora do lugar" e de "injustiça" começa a alargar-se numa realidade social de fronteiras.

Depois da Suíça ameaçar fechar portas com apenas 3% de desemprego, o que se seguirá?





quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Banidos pela Suíça!

Pelos vistos no acordo assinado com a União Europeia acerca da livre circulação de pessoas, há uma cláusula de salvaguarda. E a Suíça parece querer voltar a usá-la. (Apesar de não ter participação total na união europeia, assinou vários tratados, entre eles a livre circulação de pessoas).

Em Maio do ano passado foram 8 países (Estónia, Letónia, Lituânia, Hungria, Polónia, Eslováquia, Eslovénia e Republica Checa), agora é a nossa vez: portugueses, espanhóis e italianos.

Pelos vistos os portugueses são a maior comunidade estrangeira na Suíça: 17220 fizeram as malas, em 2012, entre Janeiro e Novembro.

Lá se vai a ideia de Europa dos Cidadãos.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Batman ou o país de luto

A Nike apresentou o equipamento alternativo para a selecção portuguesa.
Não sei se me faz lembrar o Batman ou se estamos perante mais uma metáfora que mostra o país de luto.