quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Pati Ulrich, pati!

Hoje, o Expresso (benditas aplicações no telemóvel que me permitem ver o que se passa por aí) solta um artigo engraçado ao relembrar as palavras do CEO do BPI. Um artigo não muito destacado: relembrem-se que Ulrich trabalhou com Pinto Balsemão.

"Se os sem abrigo aguentam porque é que nós não aguentamos?"

Antes de escrever o que penso (viva a democracia e o morto poder do lápis azul) fui dar uma olhadela e tentar encontrar a etimologia da palavra aguentar (a origem das palavras diz-nos mais do que podemos imaginar).

Vejamos:
Aguentar: deriva da palavra paciência, pati lt., aguentar, sofrer.

Ora, paciência e água benta cada um toma a que quer (não será bem assim - presunção? - mas o blog é meu). Não me parece de todo apropriado ignorar as palavras deste senhor que sempre foi controverso nas suas próprias opiniões, mas também não vou chamar-lhe "grande anormal" e coisas parecidas como os comentadores anónimos no site do Expresso.
Aquilo que me faz vir aqui, fritar o cérebro e chatear alguns de vocês que estavam à espera da minha coscuvelhice diária é (não) ter a certeza de que este senhor se apercebe de que forma afecta a moral dos portugueses: os sem abrigo, os não sem abrigo e os futuros sem abrigo. (Podia falar dos lucros do bpi, da forma como isso afectou a nossa dívida e a confiança dos mercados, mas não o sei fazer e para isso servem os blogues de economia).

"(...) infelizmente encontramos pessoas que são sem abrigo, isso não lhe pode acontecer a si ou a mim, porquê?"

Eu não sei com a certezinha absoluta, mas desconfio.
A mim pode, claro, a minha conta poupança é inexistente, não posso contar com grandes heranças e o futuro do jovens é incerto.
O salário base médio dos portugueses ronda os 840€. Portanto também pode acontecer.

A si? Bem sabemos que os bancos que se financiam na banca viram os salários de alguns dos seus trabalhadores serem reduzidos. É o seu caso. E isso é um facto. Foram 50%. E isso significa em números reais, menos 18 mil euros.

Os números (mesmo para mim) são fáceis de entender.
Não é o que dizemos, é a forma como o fazemos.
Ulrich sempre foi desajustado no que toca à escolha de palavras e tomadas de posição. Esta não é a primeira.

Deixo-vos com o início de um artigo escrito por aqui que deixou todos em estado de alerta. De Juan José Millas:

Un cañon en el culo.

Si lo hemos entendido bien, y no era fácil porque somos un poco bobos, la economía financiera es a la economía real lo que el señor feudal al siervo, lo que el amo al esclavo, lo que la metrópoli a la colonia, lo que el capitalista manchesteriano al obrero sobreexplotado. La economía financiera es el enemigo de clase de la economía real, con la que juega como un cerdo occidental con el cuerpo de un niño en un burdel asiático.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

¡Mala ostia!

Como seria de imaginar (isto é condição sine qua non dos emigras) habituei-me a ver as notícias espanholas.
E sei que servem para melhorar o meu castelhano, educar-me (ufa) e perceber que não é só no nosso país (ou ex país, ou ex futuro país) que as coisas más, estranhas e impossíveis acontecem.
Aqui, também dou por mim a perguntar: mas será que não há nada de bom?! Mas em vez de ser depois de ver a cara do Passos Coelho trocamos para o Rajoy.
Vamos então a factos:
- os políticos espanhóis são como em todo o mundo (sem surpresa); por favor vão informar-se sobre o caso Bárcenas e a amnistia fiscal aprovada por nuestros hermanos este ano.
- os espanhóis são tão (ou mais) sensacionalistas como nós.
- o Mourinho é odiado por aqui. Passou de genial a tonto. Mou, como lhe chamam vê a sua reputação pelas ruas da amargura.
- não consigo deixar de me rir e imaginar que todas as "periodistas" gostariam de estar no lugar de Doña Letizia. Hoje, o príncipe (desencantado) faz anos mas não os festeja: a casa real espanhola atravessa um mau momento, o genro do rei (chama-se Iñaki - ora experimentem dizer o nome depois de comerem alguma coisa que sabe mal) tem uns milhõezitos escondidos. Cof cof, tinha!
¡Que mala ostia!

Agora retiro-me, a ver o clássico: Real Madrid vs Barcelona para a copa do rei.
¡hala Mou!

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

FaceTime

Obrigada FaceTime. Uma hora ao telefone com a Rita. Uma hora ao telefone com a Binha.
Obrigada!

Presunto, batatas fritas e pipocas

Ainda não consegui perceber muito bem como conseguem os nuestros hermanos aguentar tanto disto.
Tenho curiosidade por toda esta comida, pela loucura do chuleton, pela falta de jeito a tirar cafés e pelas tostadas. Ainda não me habituei a ver as pipocas no lugar dos tremoços.
E tenho saudades de comida. Da minha. Da verdadeira.
Entretanto, com a ajuda da minha mãe e do meu irmão, vou montando o meu livro de receitas português.

Porque vim aqui parar!

Faria sentido começar por explicar o que faço exactamente aqui. A palavra de ordem em Portugal é a emigração; os últimos dados, do observatório de emigração, dizem que os portugueses estão literalmente espalhados no mundo: 580 mil em França, 166 mil nos EUA e 146 mil em Espanha. Pois bem, mal consiga o meu NIE ( número de identificação espanhola ) farei parte desses 146 mil.
A verdade é que estamos cada vez mais longe, fugimos para os cantos do mundo com a verdadeira procura de um lugar.
Os destinos que mais chamam a atenção dos portugueses são Espanha, Reino Unido e Angola, e sim, tenho um amigo cada um destes sítios.
E é por isso que estou aqui.
Para estar mais perto. Para me pôr mais perto. E para vos ter mais perto.
Obrigada Binha, por esta ideia tua e que agora pode ser nossa.


É assim


 Decida quem você é, e a cidade mais uma vez vai assumir uma forma fixa ao seu redor. Decida o que ela é e a sua própria identidade será revelada.

Jonathan Raban