quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Confortitis

Se tivesse que escolher, entre as minhas leituras, a palavra do ano não teria nada que ver com selfie. Talvez conjugada noutros contextos e noutros dia a dia que não o meu, talvez... 
Somos aquilo que lemos e os outros acham que devemos ler aquilo que somos e, portanto, li, reli, partilhei e comentei dezenas de artigos sobre emigrar, dezenas de comentários carinhosos, carregados de sentimentos e dezenas de comentários a transbordar inveja, e não, não vou dizer, próprios dos portugueses. 

Emigrar, sair do conforto, dar o salto nunca foi bem visto porque quem fica, prefere o quentinho, prefere culpar os outros porque teve que ficar. Quem emigra, tem sorte, porque emigra. Então e os outros, que não puderam sair? 

Preferimos viver de inveja do que da nossa felicidade. Alimenta mais, é mais rica em ousadia porque ficar enquanto esperamos que nos resolvam a nossa confortitis é um acto mais corajoso do que sair e procurar, nalgum canto do mundo, a nossa felicidade. 




segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Decisão antecipada

Há quase dois meses que não escrevo! E parece-me inacreditável que consiga passar tanto tempo sem fazer uma das coisas que mais gosto. A princípio achei que podia esconder-me atrás da desculpa de toda a vida "trabalho a mais", e não demorou muito até que esta desculpa se esgotou em si mesmo. 

Achei que podia passar uns tempos sem escrever porque afinal, coisas mais importantes vão aparecendo. E deixei de me sentir bem com isto, com esta outra desculpa, ao mesmo tempo que me tentava convencer todos os dias. Fui recebendo mensagens, queixas, saudades dos que me liam e que agora, por minha causa, deixaram de me ler. 

Agora mesmo atropelo as palavras, tenho energia a mais nos dedos mas treino a menos no pensamento. É que o cérebro também se exercita, e também perde a juventude se o deixarmos mais esquecido no meio de tantos exercícios diários que teimamos em priorizar. 

Era resolução para o próximo ano, voltar a escrever com a mesma vontade e com a mesma intensidade. Mas acabo isto, este texto, com resolução para amanhã. Não me parece uma boa decisão adiar, para o ano, esta minha forma de ser.